Desapegar não é apenas um simples verbo, atitude altruísta, ou ato corriqueiro de deixar pra lá um conflito, situação de dificuldade, um fantasma interior, ou “apertar o botão F”, como dizem alguns…
Desapegar-se é uma boa ideia, sim.
Mas…
Não, nunca é fácil.
É, na maioria das vezes, cortar o fio condutor que te liga – o teu coração – àquela pessoa, projeto ou objetivo querido. O objeto desejado dificilmente será cambiado por outro sem um gasto considerável de energia.
Isso pode doer. Aliás, sempre dói.
E constitui um grande fator de peso para justificar a desistência de muita gente nos trabalhos de psicoterapia: É preciso bastante coragem para dizer aquilo que não quer ser dito. Aceitar o inaceitável para podermos crescer enquanto pessoa.
João Augusto Pompéia*, famoso autor da fenomenologia existencial, retratou magistralmente esse assunto em seu livro “Na presença do sentido”, de 2013. Como é difícil deixar um sonho morto ser enterrado para que dele possa haver condições da geração de novos sonhos! Desapegar é um ato heroico.
O jornalista André Toso também dedicou uma postagem a esse assunto em seu blog e vale a pena conferir (https://livreassociar.wordpress.com/…/12/o-cadaver-do-sonho/) . No texto, ele nos oferece sua interpretação do texto de Pompéia.
Pra conhecer mais este admirável criador da metáfora encontrada em diversas histórias de vida, sugiro o vídeo do Projeto Diálogos, publicado pelo Conselho Regional de Psicologia de São Paulo – CRP SP, onde ele palestra sobre seu trabalho: https://www.youtube.com/watch?v=oAAPU5q1KQU
* POMPÉIA, João Augusto. História dos Desejos. In: POMPÉIA, João Augusto; SAPIENZA, Bilê Tatit. *Na Presença do Sentido: Uma aproximação fenomenológica a questões existenciais básicas*. 3. ed. São Paulo: Editora da PUCSP, 2013. p. 31-50.